
O surgimento da igreja católica
Jesus não instituiu uma organização religiosa para representar seu evangelho? Ela foi fundada por Constantino? Você conhece realmente a origem da Igreja Católica?...
Muitos são os questionamentos sobre a origem da Igreja de Cristo e se a Igreja Católica é de fato essa Igreja.
Muitos afirmam que a Igreja Católica só surgiu de fato no Concílio de Trento (realizado entre 1545 e 1563), quando a igreja cristã, que tinha na figura do papa sua autoridade maior, passou a denominar-se Católica Apostólica Romana, em oposição às igrejas protestantes constituídas a partir da Reforma. Foi instituído que ela seria definida como una, santa, católica e apostólica e que o Papa seria o legítimo herdeiro da cátedra do apóstolo Pedro.
O termo catolicismo foi aplicado à Igreja pela primeira vez por volta do ano de 105 da era comum, na carta de Inácio, bispo de Antioquia.
Na história oficial da própria igreja, sua fundação se dá após o dia de Pentecostes (quando o Espírito Santo "desceu" sobre os apóstolos, 50 dias após a Páscoa) do ano em que Jesus Cristo morreu na cruz.
Segundo Santo Agostinho, a Igreja começou “onde o Espírito Santo desceu do céu e encheu 120 pessoas que se encontravam na sala do Cenáculo”. O derramar do Espírito, em Pentecostes, foi como a inauguração oficial da Igreja para o mundo.
A partir daí, na tradição católica, missionários viajaram o mundo para espalhar a mensagem de Jesus e Pedro teria se estabelecido como primeiro Papa. Mas a Igreja Católica viria a se estruturar apenas alguns séculos depois.
Quem foi o primeiro Papa?
Na tradição católica, Pedro (Simão) seria o primeiro Papa. Isso se daria quando Jesus ao lhe dar o novo nome de Pedro (Pedra) estaria instituindo que ele seria a rocha que fundamentaria a igreja dos verdadeiros seguidores de Cristo.
O catolicismo da Igreja registra que Pedro foi o primeiro e mais longevo de todos os Papas, ocupando o cargo durante 37 anos. Ele e Paulo teriam fundado a Igreja Católica em Roma, cidade onde ambos morreram, estabelecendo a tradição de que o líder de toda igreja seria o Bispo de Roma.
O termo católico é grego e significa “universal”. Ou seja, a igreja católica é a que tem a mensagem universal para todos os homens na Terra.
No início das manifestações desta fé universalizada, não havia igrejas físicas, mas assembleias onde a palavra sagrada era debatida. Os templos das igrejas só seriam estabelecidos a partir do terceiro século depois de Cristo. O registro da primeira igreja física encontrada por arqueólogos se localiza na cidade de Dura Europos, na Síria, datada de meados do século 3. “Há relatos de casas, mas igrejas propriamente ditas, a primeira é essa”, afirma o historiador da UFRJ.
No entanto, a fundação da Igreja foi gestada nas palavras e obras de Jesus e também pela escolha de pessoas de diversos víeis humanos: Jesus “constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os demônios” (Mc 3,14). Essas pessoas especificamente seriam os únicos a estarem na Santa Ceia onde Jesus estabeleceria a Nova Aliança realizada no sacrifício da Cruz. A eles é dada a missão especial de representar o próprio Cristo (Mt 10,40; Lc 10,16), originando o termo grego “apóstolos”, que significa “enviado”.
Aos apóstolos Jesus deu a missão de realizar o sacrifício eucarístico: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,25), de perdoar os pecados – uma ação reservada somente a Deus – (Jô 20,22), o poder das “chaves” (ligar e desligar) (Mt 18,18) e de fazer discípulos Seus, por meio do Batismo, todos os homens de todos os povos (Mt 28,16-20); e entre os Doze, uma missão especial e decisiva é confiada a Pedro (Mt 16,13-19; Lc 22,31s; Jô 21,15-17; 1Cor 15,2-5).
Jesus muitas vezes compara a Igreja a uma casa ou a um rebanho (Mt 16,18; 21,42; 26,31; Jo 10,16; 1Cor 3,11; 9,7). Todos sabemos que uma “casa” precisa de um fundamento de pedra sólido e que se faz necessário um guia de responsabilidade para nortear um rebanho, então assim podemos perceber a imprescindível importância do ministério petrino e de toda a hierarquia apostólica.
A Igreja perseguida e massacrada.
O imperador Nero foi o primeiro perseguidor dos cristãos, acusando-os de terem provocado o incêndio de Roma no ano 64. Entre os mártires dessa fase, que durou quatro anos, incluem-se são Pedro e são Paulo. Com Domiciano houve nova perseguição, iniciada por volta do ano 92.
Os imperadores antoninos do século III não hostilizaram abertamente os cristãos, mas a legislação permitia que fossem denunciados e levados aos tribunais. Houve perseguições sob Décio, Valeriano e Diocleciano, mas a situação começou a modificar-se com a vitória de Constantino sobre Maxêncio.
A Igreja Católica não foi fundada por Constantino?
Definitivamente, não!
O imperador Constantino nasceu em 274 e faleceu em 337, também era conhecido como Constantino Magno (O Grande) ou Constantino I. Era filho de Constâncio Cloro e Helena, uma cristã que se tornou Santa Helena. Foi imperador romano durante 31 anos: de 306 a 337. Era casado com Faustina.
O cristianismo era uma fé que já se espalhará por diversas regiões do mundo e sofria muita perseguição por parte dos poderes temporais.
Constantino, nesse período travava uma feroz luta de poder com Maxênico e uma das batalhas ocorre que Constantino viu no céu uma cruz com a inscrição “In hoc signo vinces” – “Com este sinal vencerás” . Constantino ficou muito impressionado e ordena que o símbolo avistado fosse posto nos escudos do seu exército, ganhando assim a guerra. No entanto ele não se converte automaticamente e somente foi batizado no fim de sua vida, em 337.
Em 313 promulga o Edito de Milão que passou a dar liberdade de culto aos cristãos:
“Havemos por bem anular por completo todas as restrições contidas em decretos anteriores, acerca dos cristãos – restrições odiosas e indignas de nossa clemência – e de dar total liberdade aos que quiserem praticar a religião cristã”.
A época, a cátedra de Pedro era chefiada pelo Papa Melcíades, o 32º Papa. Portanto, muito antes de Constantino proclamar o Edito de Milão, a igreja Católica já existia em sua plenitude. Assim não há que se falar que Constantino é o fundador da Igreja de Cristo, ele apenas deu liberdade aos cristãos, acabando com dois séculos e meio de perseguição e martírio.
A partir de Constantino, os imperadores passaram a proteger e estimular cada vez mais a fé cristã, até que, na época de Teodósio I, em fins do século IV, o Império Romano tornou-se oficialmente um estado cristão.
Então quem fundou a Igreja Católica?
Ora, não há dúvidas, foi o próprio Senhor Jesus Cristo.
Não faz sentido algum afirmar que Jesus Cristo não teve a intenção de fundar uma Igreja, uma organização terrena que comandasse a promoção de seu evangelho, da Boa Nova. A prova é incontestável (apesar dos nossos irmãos evangélicos não pensarem assim) e se encontra em Mt 16,18:
“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
O credo do Primeiro Concílio de Constantinopla (ano 381), também não deixa dúvidas sobre o que norteava os primeiro cristãos como organização terrena em que se reconhece os verdadeiros sinais da Igreja de Cristo:
“Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”
O desejo de Jesus não era que surgissem divisões: “um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4,5), que ela fosse católica (universal) pois todos deviam ser reunidos em uma única concepção de “povo de Deus”: “Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19) e também foi desejo de Cristo que a sua Igreja fosse coordenada através de um sistema hierárquico e apostólico “fundamento dos Apóstolos…” (Ef 2,20).
A palavra católica em relação à Igreja foi usada pela primeira vez no segundo século da era cristã por Santo Inácio bispo de Antioquia, na carta dirigida aos esmirnenses: “Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Jesus nos assegura a presença da Igreja católica”.
O Concílio Vaticano II, determinou que a Igreja Católica e a única a e verdadeira igreja de Cristo:
“A única Igreja de Cristo (…) é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar (Jo 21,17) e confiou a ele e aos demais apóstolos para propagá-la e regê-la (Mt 28,l8ss), levantando-a para sempre como coluna da verdade (1Tm 3,15)… Esta Igreja(…) subsiste na Igreja católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele” (LG 8).
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