

Nossa Senhora de Guadalupe (México)
O relato mais antigo sobre as aparições da Virgem Maria ao índio Juan Diego, no cerro de Tepeyac, O relato guadalupano é conhecido como Nican Mopohua, escrito em língua náhuatl nos meados do séc. XVI.
Na língua asteca, o nome Guadalupe significa, Perfeitíssima Virgem que esmaga a deusa de pedra. Os Astecas adoravam a deusa Quetzalcoltl, uma monstruosa deusa, a quem eram oferecidas vidas humanas em holocausto.
De acordo com a tradição oral mexicana e segundo textos de documentos históricos do Vaticano e outros encontrados ao redor do mundo em diferentes arquivos, acredita-se que a Virgem Maria, apareceu em quatro ocasiões ao índio são Juan Diego Cuauhtlatoatzin no monte Tepeyac, e em uma quinta ocasião a Juan Bernardino, tio de Juan Diego.
A fonte mais importante que as relatou foi o próprio Juan Diego que contou tudo o que havia acontecido. Posteriormente esta tradição oral foi recolhida em um escrito no idioma náuatle mas escrita com caracteres latinos (técnica que nenhum espanhol sabia fazer e que só muito raramente usavam os indígenas); este escrito é chamado de Nican Mopohua, e é atribuído ao indígena Antonio Valeriano (1522-1605). Posteriormente em 1648 foi publicado o livro Imagen de la Virgen María Madre de Dios de Guadalupe (título traduzido para o português como: Imagem da Virgem Maria Mãe de Deus de Guadalupe) pelo presbítero Miguel Sánchez, contribuindo para recompilar tudo o que se sabia na época sobre a devoção guadalupana. Segundo diversos investigadores, o culto guadalupano é uma das crenças mais historicamente apegadas ao atual México e parte de sua identidade, e tem estado presente com o desenvolvimento do país desde o século XVI dentro de seus processos sociais mais importantes como na Independência do México, na Reforma, na Revolução Mexicana e na sociedade mexicana atual, onde conta com milhões de fiéis, e que alguns deles professam o guadalupanismo sem serem necessariamente católicos.
A história começa no mês de Dezembro de 1531. Nessa ocasião, conta o Nican Mopohua, dez anos depois de a cidade do México ter sido conquistada, acabou a guerra e os povos viviam em paz, e assim começou a consolidar-se a fé, o conhecimento do Deus verdadeiro, razão da vida do homem. A evangelização avançava a passos largos. Pareciam já longínquos aqueles ritos macabros que os bons nativos se viam obrigados a suportar, como um jugo pesado, para contentar os seus ídolos, sedentos de sangue.
E aconteceu, lê-se no Nican Mopohua, que havia um índio, um pobre homem do povo, de nome Juan Diego, segundo se diz natural de Cuuahtitlán. Um sábado, de manhã cedo, dirigia-se à cidade do México, para ir ao catecismo. Quando passava junto a um pequeno cerro chamado Tepeyac, ouviu cantar no alto do cerro, como se fosse o canto maravilhoso de muitos pássaros. Encantado, aquele homem pensou que estava no paraíso. E, quando o canto acabou de repente, quando se fez silêncio, ouviu que o chamavam de cima do pequeno cerro, dizendo: “Juanito, Juan Dieguito”. Muito contente, dirigiu-se ao lugar de onde vinha aquela voz e viu uma nobre Senhora que ali estava em pé e que o chamava para se aproximar d’Ela. Ao chegar à sua presença, ficou encantado com a sua nobreza sobre-humana: as suas vestes eram radiantes como o sol; e a pedra, a falésia onde estava de pé, lançava raios resplandecentes.
Juan Diego prostrou-se e escutou a sua palavra, extremamente agradável, muito amável, como de quem o atraía e estimava muito. Ela disse-lhe:
“Juanito, o mais pequeno dos meus filhos, onde vais?” E ele respondeu “Minha Senhora e minha Menina, tenho de ir à tua casa de México Tlatelolco, para aprender as coisas divinas, que nos ensinam os nossos sacerdotes, enviados de Nosso Senhor”.
Depois, a Virgem comunicou a Juan Diego qual era a sua vontade:
“Sabe e compreende bem, tu, o mais pequeno dos meus filhos, que eu sou a sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, razão do nosso viver; do Criador dos homens, do que está próximo e perto, o Dono do céu, o Senhor do mundo. Desejo vivamente que me ergam aqui um templo, para nele mostrar e dar todo o meu amor, compaixão, auxílio e amparo; porque na verdade eu sou a vossa Mãe bondosa, tua e de todos vós que viveis unidos nesta terra e dos outros povos, que me amem, que me invoquem, me procurem e confiem em mim; aí escutarei o seu pranto, as suas tristezas, para remediar e curar todas as suas penas, misérias e dores”.
Depois Nossa Senhora ordenou-lhe que se apresentasse ao bispo Frei Juan de Zumárraga, para lhe dar a conhecer o seu desejo, e concluiu:
“E está certo de que hei de agradecer-te e pagar bem, pois vou fazer-te feliz na terra e merecerás que recompense o trabalho e fadiga com que vais realizar o que te peço. Olha que ouviste o meu pedido, meu filho mais pequeno; vai e põe nele todo o teu esforço.”
Mas não acreditaram no bom índio quando revelou o que Virgem Maria lhe tinha dito e, muito compungido, voltou ao cerro de Tepeyac para comunicar o fracasso da sua embaixada e pedir à Santíssima Virgem que enviasse alguém mais digno: uma pessoa importante e respeitada, a quem certamente dariam mais crédito. Porém, ouviu esta resposta:
“Ouve, o mais pequeno dos meus filhos, compreende que são muitos os meus servidores e mensageiros a quem posso encarregar de levar a minha mensagem e fazer a minha vontade, mas é absolutamente necessário que seja tu próprio a pedir e a ajudar a que a minha vontade se cumpra por tua mediação.”
Confortado deste modo, Juan Diego reiterou o seu oferecimento de se apresentar ao bispo e assim o fez no dia seguinte. Depois de ter sido interrogado, também desta vez não acreditaram nele. Frei Juan pediu-lhe um sinal inequívoco de que era a Rainha do Céu quem o enviava. Juan Diego apresentou-se novamente à Virgem em Tepeyac para transmitir as suas explicações, e a Senhora prometeu entregar-lhe no dia seguinte um sinal irrefutável.
Mas Juan Diego não voltou lá, porque ao regressar a casa, encontrou o seu tio Juan Bernardino a morrer. Foi procurar um médico, mas já era inútil. Passou esse dia e, ao chegar a noite, o tio pediu-lhe que fosse procurar um sacerdote para se confessar e morrer em paz. Na terça-feira de manhã, Juan Diego pôs-se a caminho e, ao chegar perto do cerro de Tepeyac, decidiu fazer um desvio para evitar encontrar-se com a Senhora. Pensava, na sua ingenuidade, que, se demorasse, não chegaria a tempo de que um sacerdote fosse confortar o seu tio.
Porém, a Virgem Maria saiu-lhe ao encontro e deu-se este encantador diálogo, que Nican Mopohua nos transmitiu com todo o seu frescor: disse-lhe:
“Que se passa, meu filho mais pequeno? Aonde vais?”
Juan Diego, confuso e receoso, devolveu a saudação:
“Minha Menina, a mais pequenas das minhas filhas, Senhora, oxalá estejas contente. Como acordaste? Estás bem de saúde, oh minha Senhora e minha Menina?”.
E explicou humildemente porque se tinha afastado da missão recebida. Depois de ouvir a explicação de Juan Diego, a piedosíssima Virgem Maria respondeu nas palavras que se tornaram a frase mais famosa do evento Guadalupano e que estão inscritas na entrada principal da Basílica de Guadalupe, ela perguntou: "Kuix amo nikan nika nimonants?" (que é traduzido como: "Não estou aqui, que sou sua mãe?"):
“Ouve e entende bem, meu filho mais pequeno, que aquilo que te assusta e aflige não é nada; não se perturbe o teu coração, não temas essa doença nem qualquer outra doença ou angústia. Não estou eu aqui, que sou tua Mãe? Acaso não estás sob a minha proteção e amparo? Não sou eu a tua saúde? Não estás porventura no meu regaço e entre os meus braços? De que mais precisas?”
Ela assegurou-lhe que Juan Bernardino já havia se recuperado e ela lhe disse para subir o monte Tepeyac e colher as flores do seu cume, que geralmente era uma montanha de solo estéril, principalmente em dezembro (inverno no hemisfério norte).
Juan seguiu suas instruções e encontrou rosas castelhanas, não originárias do México, florescendo lá. Quando o índio voltou, a Virgem organizou as flores na tilma de Juan, ou manto, e quando Juan Diego chegou ao palácio do bispo e abriu o manto diante de Zumárraga no dia 12 de dezembro, as flores caíram no chão, e no tecido estava a imagem da Virgem de Guadalupe como pode ser vista hoje na Basílica.
O tio de Juan Diego curou-se e viu a Santíssima Virgem que lhe pediu que também fosse ter com o bispo para lhe contar o que tinha visto e de que maneira maravilhosa Ela o tinha curado; e como devia chamar-se a sua bendita imagem, a Sempre Virgem Santa Maria de Guadalupe.
Antiga Basílica de Guadalupe.
Imagem original de Nossa Senhora de Guadalupe impressa de forma desconhecida na tilma de Juan Diego Cuauhtlatoatzin
Algumas características do relato mariano de Guadalupe da Espanha são muito semelhantes ao de Guadalupe do México, por exemplo, a aparição em um local rural de maneira casual a um vidente de baixo nível social, a descoberta e a incredulidade das autoridades religiosas que pedem uma prova, a representação de sua própria imagem em um objeto que a aparição dará ao vidente, a cura de um enfermo ou a ressurreição de um morto como os primeiros milagres assim como a ordem de construção de um templo onde se honrasse o objeto dado ao vidente.
Após a Conquista em 1519-21, os espanhóis destruíram um templo da deusa-mãe Tonantzin no Tepeyac, nos arredores da Cidade do México, e construíram uma capela dedicada à Virgem Maria no local. Os nativos recentemente convertidos continuaram a vir de longe para venerar ela, muitas vezes chamando a Virgem Maria de Tonantzin.
Retrato de São Juan Diego.
Desenho prévio do brasão mexicano, c. 1743.
O bispo manteve o manto de Juan Diego primeiro em sua capela privada e depois na igreja em exibição pública onde atraia grande atenção. Em 26 de dezembro de 1531, uma procissão se formou para levar a imagem milagrosa de volta ao Tepeyac, onde foi instalada em uma pequena capela rapidamente erguida. No decorrer desta procissão, o primeiro milagre foi supostamente realizado quando um índio foi ferido mortalmente no pescoço por uma flecha disparada por acidente durante algumas exibições marciais estilizadas executadas em homenagem à Virgem. Em grande angústia, os índios o levaram antes da imagem da Virgem e pediram a ela por sua vida. Ao retirar a flecha, a vítima teve uma recuperação completa e imediata.
A tilma de Juan Diego tornou-se o símbolo religioso e cultural mais popular do México, e recebeu suporte eclesiástico e popular. No século XIX, tornou-se o chamado de exércitos americanos à Nova Espanha, que viu a história da aparição como legitimação de sua própria origem mexicana e infundindo-a com um senso quase messiânico de missão e identidade - legitimando assim a rebelião armada contra a Espanha.[18][19]
Historicamente, a devoção a Nossa Senhora de Guadalupe não carecia de opositores clericais no México, especialmente nos primeiros anos, e em tempos mais recentes alguns estudiosos católicos, e até mesmo um ex-abade da basílica, Monsenhor Guillermo Schulenburg, duvidaram abertamente a existência histórica de Juan Diego, referindo-se à devoção como meramente simbólica, propagada por um culto fabuloso. No entanto, Juan Diego foi canonizado em 2002, sob o nome de São Juan Diego Cuauhtlatoatzin.
Enquanto a imagem garante muita devoção religiosa e patriotismo mexicano, a crítica acadêmica sobre a imagem também é notável, considerando a desproporção artística da imagem, a semelhança da imagem com a arte pré-colonial espanhola intimamente relacionada com a colônia asteca na época, a alegada relação de Marcos Cipac de Aquino em inventar ou alterar o manto da tilma e a declaração pública do abade do santuário de Guadalupe referente à falsa existência das aparições marianas.
O que é tratado por alguns como sendo a primeira menção da aparição milagrosa da Virgem é uma página de pergaminho (o Códice Escalada) que foi descoberto em 1995 e, de acordo com a análise investigativa, data do século XVI.] Este documento tem duas representações pictóricas de Juan Diego e da aparição, várias inscrições em Náuatle referentes a Juan Diego pelo seu nome asteca, e data de sua morte: 1548, bem como o ano em que a Virgem Maria apareceu: 1531. Também contém o glifo de Antonio Valeriano; e, finalmente, a assinatura do Frei Bernardino de Sahagún que foi autenticada por Charles E. Dibble e especialistas do Banco do México.
No entanto, dúvidas acadêmicas foram lançadas sobre a autenticidade do documento.
Juan Diego viveu até aos setenta e quatro anos, depois de ter morado durante cerca de três lustros junto à primeira ermida construída para prestar culto a Santa Maria de Guadalupe. Faleceu em 1548, tal como o bispo Frei Juan de Zumárraga. A sua canonização ocorreu em 31 de Julho de 2002.
Em pouco tempo, a devoção à Virgem de Guadalupe propagou-se de forma prodigiosa. A sua solidez entre o povo mexicano é um fenômeno que não tem comparação fácil; a sua imagem pode ver-se em toda a parte e contam-se por milhões os peregrinos que acorrem com uma fé maravilhosa a colocar as suas intenções aos pés da imagem milagrosa na sua Villa de México. Em toda a América e em muitas outras nações do mundo se invoca com fervor Aquela que por singular privilégio, em nenhum outro caso outorgado, deixou o seu retrato como prova do seu amor.
Aprovações pontificais
Muitos pontífices concederam reconhecimentos à imagem venerada da Virgem de Guadalupe, listados a seguir:
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Papa Bento XIV, na Bula Papal Non Est Equidem de 25 de maio de 1754, declarou Nossa Senhora de Guadalupe, patrona do que foi chamado de Nova Espanha,que correspondia à América Central e América do Norte, e aprovou textos litúrgicos para a Santa Missa e o Breviário em sua homenagem.
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Papa Leão XIII, concedeu novos textos em 1891 e, em 8 de fevereiro de 1887, autorizou a coroação canônica da imagem, que aconteceu em 12 de outubro de 1895.
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Papa Pio X, proclamou-a patrona da América Latina em 1910.
Nossa Senhora de Guadalupe foi proclamada "Rainha do México", "Padroeira das Américas", "Imperatriz da América Latina" e "Protetora das crianças que ainda não nasceram" (os dois últimos títulos foram dados pelo Papa João Paulo II em 1999). Nossa Senhora de Guadalupe também é conhecida pelos títulos de Virgem Maria de Guadalupe, Santa Maria de Guadalupe[ ou Santa María de Guadalupe do Tepeyac.
Estudos sobre o poncho
Estudos realizados sobre o poncho do índio Juan Diego, revelam que a pintura não foi feita por materiais existentes na natureza e nem fabricados pelo homem. Nos olhos de Maria, dentro da Iris e da pupila, vê-se a cena em que o índio abre sua tilma na sala do bispo, com todas as pessoas presentes na sala conforme foi descrito em documentos posteriores. Tem uma família de um lado, o índio e o Bispo do outro. O olho reflete a luz como o olho humano.
Em janeiro de 2001, o engenheiro peruano, José Aste Tonsmman, revelou o resultado da pesquisa de 20 anos, com a ajuda da NASA. Os olhos da imagem ampliados 2,500 vezes, mostram umas 13 pessoas, crianças, mulheres, o Bispo e o próprio índio Juan Diego, no momento da entrega do poncho ao Bispo.
Richard Kuhn, prêmio Nobel de química, descobriu que a imagem não tem corantes e que após 470 anos continuam com seu brilho. O pano do poncho não dura mais do que 20 anos e começa a se desfazer, o que não acontece com o poncho do milagre, que já dura quase 500 anos. Concluíram que o que forma a imagem de Nossa Senhora não é pintura. A fibra do ayate, cacto, são suportaria as tintas da época. Além disso, não existe esboço ou marca de pincel.
Oração a Nossa Senhora de Guadalupe
Perfeita, sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiro Deus, por quem se vive. Mãe das Américas! Tu que na verdade és nossa mãe compassiva, te buscamos e te clamamos. Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas. Cura nossas penas, nossas misérias e dores. Tu que és nossa doce e amorosa Mãe, acolhe-nos no aconchego de teu manto, no carinho de teus braços. Que nada nos aflige nem perturbe nosso coração. Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado filho, para que Nele e com Ele encontremos nossa salvação e a salvação do mundo. Santíssima Virgem Maria de Guadalupe, faz-nos mensageiros teus, mensageiros da vontade e da palavra de Deus. Amem.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_de_Guadalupe_(M%C3%A9xico)#cite_note-25
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-guadalupe/45/102/
https://opusdei.org/pt-br/article/historia-de-nossa-senhora-de-guadalupe/






