
É claro que não contam tamanha mentira na Igreja, pois, o uso de instrumentos de tortura pela inquisição católica não passa de um grande mito. Muitos desses instrumentos de tortura nem existiram na época da inquisição ou nem mesmo existiram de fato, não passando de criações de artistas modernos.
Mas é verdade que a inquisição chegou a usar alguma forma de tortura? Sim, é verdade, mas elas eram raramente utilizadas e nem de longe se assemelhavam as atrocidades expostas aqui na imagem acima.
Bernard Gui, inquisidor de Toulouse, fez exames em mais de 600 caos de heresia e segundo os seus registros, apena uma vez foi utilizada tortura. No período de 1307 a 1323, 930 pessoas foram sentenciadas e nenhuma delas sofrera tortura. A pena foram a prisão ou penitências.
O Prof. Doutor Henry Kamen (maior autoridade viva sobre a Inquisição Espanhola) em seu livro “Spanish Inquisition: A Historical Revision” afirma:
“A tortura era usada, normalmente como um último recurso e aplicada em apenas uma minoria dos casos. Muitas vezes, o acusado era apenas colocado em conspectu tormentorum, quando a visão dos instrumentos de tortura já provocava uma confissão. Confissões obtidas sob tortura não eram aceitas como válidas, porque elas obviamente tinham sido obtidas por pressão. Era, portanto, essencial para o acusado ratificar sua confissão no dia seguinte à provação.” (Spanish Inquisition: A Historical Revision Pg. 188)
No documentário sobre “A Lenda da Inquisição Espanhola”, produzido pela BBC de Londres, ele dá números mais exatos:
“Na verdade, a Inquisição usava tortura muito raramente. Em Valência, descobri que de 7.000 casos, apenas dois por cento sofreram alguma forma de tortura em tudo e, geralmente por não mais de 15 minutos... Eu não encontrei ninguém sofrendo tortura mais do que duas vezes”. (“O mito da inquisição espanhola” Documentário da BBC, Nov. 1994)
Também o Historiador Rino Camilleri em sua “La Vera Storia dell’ Inquisizione” explica:
“As fontes [históricas] demonstram muito claramente que a Inquisição recorria à tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura "relativamente pouco frequente e geralmente moderado, era o recurso à pena capital, excepcional depois do ano 1500". O fato é que os inquisidores não acreditavam na eficácia da tortura. Os manuais para inquisidores convidavam a que se desconfiasse dela, porque os fracos, sob tortura, confessariam qualquer coisa, e nela os "duros" teriam persistido facilmente. Ora, porque quem resistia à tortura sem confessar era automaticamente solto, vai de si que como meio de prova a tortura era pouco útil. Não só. A confissão obtida sob tortura devia ser confirmada por escrito pelo imputado posteriormente, sem tortura (somente assim as eventuais admissões de culpa podiam ser levadas a juízo).” (Rino Camilleri - La Vera Storia dell ´Inquisizione, pg. 46-47).
O historiador Jean Dummont diz:
“E os mesmos inquisidores - que usaram muito pouco a tortura - como veremos nos capítulos dedicados à Inquisição rejeitam explicitamente em seu grande Directorio, ·o de Eimerico, que escreve: “A tortura é enganadora e ineficaz”. E rejeitaram tanto que, como veremos, a queda real da tortura romana começa historicamente com os tribunais canônicos da Inquisição.” (Jean Dummont – La Iglesia Ante El Reto de la Historia - Página 58)
A professora de história Medieval Marian Horvat concorda:
“A tortura foi autorizada pela primeira vez por Inocêncio IV na bula Ad Extirpanda de 15 de Maio, 1252, com limites que não poderiam causar a perda de um membro ou pôr em perigo a vida, só podia ser aplicada uma vez, e apenas se o acusado já parecesse praticamente condenado de heresia por provas múltiplas e determinadas. Certos estudos objetivos realizados por estudiosos recentes têm argumentado que a tortura era praticamente desconhecida no processo inquisitorial medieval. O registo de Bernard Gui, o inquisidor de Toulouse por seis anos, que examinou mais de 600 hereges, mostra apenas uma instância em que foi usada tortura. Além disso, nos 930 sentenças registradas entre 1307 e 1323 (e vale a pena notar que registros meticulosos foram mantidos por notários pagos escolhidos entre tribunais civis), a maioria dos acusados foi condenada à prisão, ou ao uso de cruzes, e penitências. Apenas 42 foram abandonados ao braço secular e queimados.” (Marian Horvat - Inquisição: Mito e realidade)
Nicolau Eimeric como menciona Jean Dummont, apesar de aceitar a tortura, diz que ela é ineficaz e enganosa:
“O tormento não se deve ser utilizado até terem sido utilizados todos os outros meios de descobrir a verdade, porque muitas vezes os bons modos bastam para fazer com que o réu confesse, o jeito, as suas próprias reflexões, as exortações dos indivíduos bem-intencionados, e desconfortos da cadeia. A tortura não é o meio infalível de apurar a verdade. Homens pusilânimes na primeira dor já confessam crimes que não cometeram; outros valentes e robustos suportam os tormentos mais cruéis.” (Adnotat. Lib III)
Henry Kamem definiu os três tipos de torturas, que apesar de raramente serem utilizadas, eram aplicadas:
“A regra básica na tortura era determinada que o acusado não deveria sofrer nenhum perigo de vida ou de ferimentos graves. Pelo direito da Igreja, tribunais eclesiásticos não podiam matar nem poderiam derramar sangue. Nenhuma tortura distinta foi utilizada pela Inquisição. As mais frequentemente empregadas eram comumente usadas em outros tribunais seculares e eclesiásticos, e quaisquer queixas de novas torturas certamente referem-se raras exceções. Os três principais foram a garrucha, a toca e o potro. A garrucha ou polia consistia em pendurar pelos pulsos a partir de uma roldana no teto, com pesos pesados ligados aos pés. O acusado era levantado devagar e de repente deixava-se cair com um puxão. O efeito era estirar e talvez deslocar braços e pernas. O toca ou tortura de água era mais complicada. O acusado era preso em uma madeira, sua boca era mantida à força aberta e um pano toca ou linho era colocado em sua boca para conduzir a água derramada lentamente de um frasco. A gravidade da tortura variava com o número de vasos de água utilizadas. O potro, que foi o mais comum após o século XVI, consistia em amarrar em uma tábua por meio de cordas que eram passadas em volta do corpo e membros e eram controladas pelo carrasco, que os apertados por nós nas cordas no fim. Com cada aperto as cordas feriam o corpo e apertavam a carne.” (Henry Kamem – The Spanish Inquisition: A Historical Revision. Pg. 190)
Não há intenção nenhuma de negar o uso da tortura pela inquisição, mas, preservamos o direito de expor esse uso da forma correta que os historiadores nos revelaram: Que ela foi raramente utilizada, de forma ponderada para que não produzisse sangramento, amputação ou algum perigo a vida, que não deveria passar de 15 minutos, ser aplicado somente uma vez e que as três forma aplicadas, mesmo que raramente foram a garrucha, a toca e o potro.
Então, nenhuma das formas de tortura foi utilizada nos processos inquisitórios da Igreja Católica. Muito menos pelos motivos citados: Por infidelidade das mulheres, por desobediência as regras da igreja também por parte delas (o feminismo cria essas paranóias de que a Igreja era perseguidora das mulheres), se negar a pagar o dízimo, ter outra crença, para que as mulheres se convertessem (elas de novo), para que as mulheres (de novo?) se arrependessem de seus pecados etc.
Que fique bem claro: Os julgamentos da inquisição católica eram voltados apenas contra católicos que cometessem alguma heresia, estes precisavam ser líderes religiosos como bispos, freis ou padres, não atingiam ninguém de outra fé, como os judeus, nem mesmos os ateus, não faziam distinção de homens ou mulheres, não tinham por finalidade a conversão dos não cristãos de forma autoritária e tinha como pena máxima a excomunhão.
Quanto a forquilha do herege ou garfo do herege apresentada na última imagem do canto inferior direito não há nenhum registro de que ele tenha sido utilizado na idade média, período da Inquisição.