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O deus EU SOU

Ex 3:13-14

13  Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?14 E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

 

                Javé se utiliza de Moisés como interventor na resolução da situação de escravidão de seu povo. Ele o orienta a falar com o Faraó e argumentar a libertação de seu povo. Deus não precisaria de um humano para convencer o Faraó a libertar o povo israelita, não seria assim que ele resolveria tal situação, com todo o seu poder, é inconcebível que ele procure resolver essa situação desta forma.

                Como poderia Moisés perguntar a seu deus qual seria o seu nome, que nome diria aos outros e por que o próprio deus revelaria um nome para ser designado? O seu povo não já o conhecia e o chamava por Deus ou Senhor ou Javé?

                  Existiam vários “deuses” e eles apareciam para alguns escolhidos, esse que apareceu a Moisés entre a sarça ardente seria o deus de Abraão, o deus de Isaque e o deus de Jacó que certamente não seria o mesmo deus de outras aparições e provavelmente também se mostraria para outras civilizações, como a egípcia. Moisés precisaria nomeá-lo para que seja identificado pelo seu povo, que portanto, não o conhecia até antes desse momento. Esse deus se denomina de EU SOU, veja que EU SOU é um nome próprio e não uma frase, ele aparece em destaque, em letras maiúsculas por completo: “14  E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU”. E em Deuteronômio 32:39 é dito, “39  Vede agora que eu, eu O SOU, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão”.

                    Vamos aprofundar um pouco mais nesse deus autodenominado “EU SOU”.

                  Segundo uma lenda egípcia, o Faraó Akenaton (Amen-hotep IV) recebeu a aparição de um deus que se revelou no deserto como um sol com vários braços, o seu nome era, Nut Ku Nut, "Eu Sou o Que Sou". Esse seria o mesmo Aton. E em um canto atribuído a si, Akenaton relata o seu encontro com o Deus Aton, da seguinte forma: “... E assim ocorreu que, encontrando-se o faraó na caça do leão, em pleno dia, seus olhos avistaram um disco brilhante pousado sobre uma rocha, e o mesmo pulsava como o coração do faraó, e seu brilho era como o ouro e a púrpura. O faraó se colocou de joelhos ante o disco. ... Oh!, disco solar que com teu brilho ofuscante pulsas como um coração e minha vontade parece tua. Oh!, disco de fogo que me iluminas e teu brilho e a tua sabedoria são superiores à do Sol.". Diante desta visão, Akenaton modifica a religião egípcia, que era baseada no politeísmo e institui a adoração única a Aton, o deus sol (monoteísmo). Após a sua morte, os vestígios de sua existência foram apagados, em uma tentativa de eliminar sua imagem da história, pois Akenatom era agora um amaldiçoado.

                   Algum tempo mais tarde provavelmente Nut Ku Nut se manifestaria na sarça ardente a Moisés, com o seu nome egípcio vertido para o hebraico, EU SOU O QUE SOU e que depois seria substituído por Jeová (ou Javé), originado do tetragrama YHWH ou YHVH, que significa a mesma coisa no idioma hebraico, "vir a ser; torna-se; ser o que é”.

                 O Mahabarata, o livro sagrado indiano escrito há 6 mil anos, é o livro sagrado mais antigo da face da terra. Bhagavad-Gitã, é parte do Mahabarata, ele relata o diálogo do deus Krishna com Arjuna (seu discípulo guerreiro) em pleno campo de batalha. Arjuna estava muito angustiado por ter que lutar contra sua própria família. Arjuna questiona: “Quem é esse Deus (Krishna) que me faz lutar contra minha própria família?” Agora vamos ver alguns trechos do Bahgavad-Gita:

Recorrendo ao Bahgavad-Gita

 

                 Disse Arjuna: Por favor, fale-me detalhadamente de Seus poderes divinos pelos quais Você penetra todos estes mundos e mora neles. (…) Responde Krishna:(Texto 19) O Bem-Aventurado senhor disse: Sim, Eu lhe falarei de minhas manifestações esplendorosas, mas somente das que são proeminentes, ó Arjuna, pois minha opulência é ilimitada.(Texto 20 em diante) Eu Sou o Eu, ó Gudãkesa, situado nos corações de todas as criaturas, eu sou o começo o meio e o fim de todos os seres.... Das letras Eu sou a letra A, e entre os compostos Eu sou a palavra dual. Eu sou também o tempo inesgotável, e dos criadores Eu sou Brahman, cujos muitos rostos viram-se para todos os lados.Eu sou a morte que tudo devora, e Eu sou o gerador de todas as coisas ainda por existir. Eu sou as mulheres, Eu sou a fama, a fortuna, a fala, a memória, a inteligência, a fidelidade e a paciência (…) Ó Arjuna, Eu sou o Espírito supremo (ou super alma), que reside na psique interior de todos como alma (Atma). Eu, também, sou o criador, mantenedor e destruidor – ou o começo, o meio e o fim – de todos os seres (10.20). Eu sou o Senhor Shiva. Eu sou o deus da riqueza; Eu sou o deus do fogo e as montanhas (10.23). Eu sou o deus da água e das serpentes. Eu sou o controlador da morte. Eu sou o tempo ou a mortalidade entre os remédios; o leão entre os animais, e o rei dos pássaros entre os pássaros (10.29-30). Eu sou o começo, o meio e o fim de toda a criação, Ó Arjuna. Entre o conhecimento, Eu sou o conhecimento do Ser Supremo. Eu sou o sustentador, e Eu sou onisciente (10.33). Eu sou a aposta dos apostadores; a resplandecência do esplendor; a vitória dos vitoriosos; a decisão das decisões; e o bom da bondade (10.36).

                     Talvez para nós brasileiros, a maior referência que temos sobre esse “deus” seja a música Gitá do cantor baiano Raul Seixas: “Eu sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar, eu sou as coisas da vida, eu sou o medo de amar, eu sou o medo do fraco, a força da imaginação, o blefe do jogador, eu sou eu fui eu vou, Gita.... A letra A tem meu nome, dos sonhos eu sou o amor...Eu sou a mão do carrasco, sou raso, largo, profundo...O filho que ainda não veio, o início, o fim, e o meio”. Raul era um adepto do satanismo de Aleister Crowley.

                    Dessa forma, o deus “EU SOU” seria um deus particular, o "Deus de Abraão, de Isaque e Jacó", um protetor de uma descendência, de uma linhagem de Abraão. O deus das 12 tribos de Israel. O deus que libertaria o povo de Israel da escravidão no Egito, a quem ofertaria a terra de Canaã. Ele entregaria a Moisés seus dez mandamentos no monte Sinai. Para que fosse adorado e sua lei fosse obedecida em supremacia a qualquer outra. Isso explicaria sua incapacidade de resolver os problemas de seus protegidos. Assim Javé (YHWH) não seria “o Deus”, mas, um deus. Fica cada vez mais claro que o deus mencionado seria um ser de “carne e osso”, físico, dotado sim de grande sabedoria e um certo “poder” fora da compreensão de seus seguidores, porém bastante limitado no uso de seus poderes em comparação ao Deus criador de todas as coisas.

Segundo a teoria dos Antigos Astronautas, popularizada por Erich Von Däniken (Suíça- 1935), nós teríamos sido visitados na antiguidade por extraterrestres e teríamos confundido-os com deuses e anjos. Esses seres nos forneceriam uma quantidade extraordinária de conhecimentos que nos ajudariam na realização de grandes proezas, como as construções das pirâmides e na evolução da raça humana, em sentidos culturais e talvez, biológicos.  Como não debruçar sobre essa teoria e pensar que realmente algo assim possa fazer parte de uma verdade ainda não aceita? Por que não questionamos os textos sagrados bíblicos e de outras religiões e culturas ou civilizações antigas com essa visão? Por que esse pensar sempre carrega a carga de heresia e ignorância? Afinal, estamos questionando a interpretação de uma realidade por nossos antepassados, como eles descreveriam um contato com um ser estranho para eles se não fazendo uma referência as suas crenças, a sua fé, já que o conhecimento era ainda tão primitivo?  

              Quando os conquistadores espanhóis, comandados por Fernando Cortez, conquistaram a civilização asteca, o seu governante Moctezuma II considerou o conquistador espanhol a personificação do deus Quetzalcóatl, da mesma forma.

 

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