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O dilúvio, um evento programado

 

Gn 7:1-4

1  DEPOIS disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque tenho visto que és justo diante de mim nesta geração.

...

4  Porque, passados ainda sete dias, farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face da terra toda a substância que fiz.

 

                   Por que Javé esperou sete dias para enviar o dilúvio? A família de Noé já se encontrava dentro da arca, mas, algo obrigava Javé a esperar ainda sete dias. Como explicar a programação desse desastre? O que Javé ainda esperava acontecer para realizar suas vontades se a família que ele queria proteger já se encontrava em segurança, dentro da arca? O dilúvio teria data certa para acontecer e a arca ficou pronta, sete dias antes.

 

Gn 7:6-13

6  E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o dilúvio das águas veio sobre a terra. 7  Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio. 8  Dos animais limpos e dos animais que não são limpos, e das aves, e de todo o réptil sobre a terra, 9  Entraram de dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé. 10  E aconteceu que passados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio. 11  No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, 12  E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. 13  E no mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos.

 

                       Mas que importância teria o fato do dilúvio ser um evento programado? A relevância estaria no fato de que, se assim foi, este não seria uma realização do desejo do Senhor, mas provavelmente uma ocorrência natural, que fugiria ao controle do deus de Israel, como um tsunami ou mesmo a influência da aproximação de um astro com o nosso planeta Terra. Javé não conseguiria impedir o fato e necessitaria que o homem (Noé) construísse um barco para que não se tornasse também vítima desta catástrofe. Ele orienta Noé com dados técnicos de construção de um barco que abrigaria sua família e uma grande variedade de animais. Ele simplesmente não levaria estas pessoas para um lugar qualquer, onde eles estariam em segurança. A situação era inevitável. Os animais também seriam necessários para que se realizasse a proliferação destes seres na Terra, já que Javé não seria capaz de criar a vida do nada.

                Também parece lógico afirmar que o deus de Israel faria parte de um grupo e que para este grupo, o dilúvio seria uma solução interessante. No entanto Javé, discordando, age contrariamente aos seus pares e ajuda-os a sobreviver.

O prazo de um ano seria o tempo natural da aproximação do planeta intruso Nibirú? O dilúvio seria consequência dessa aproximação?

No Épico de Gilgamesh, mito babilônico narrado em tabuletas de barro, que foram encontradas em Nínive (Assíria) também é contada uma história semelhante ao dilúvio de Noé (em minha concepção, seria a mesma história, que devido a várias situações, sofreu inúmeras modificações). O11º tablete relata que o conselho dos deuses resolve enviar um dilúvio para aniquilar a humanidade. Ea, deus que criou o homem, seria o correspondente ao Deus bíblico, ele alertaria Utnapishtim (Noé) para a vinda do dilúvio e lhe pediria que construísse um barco: “Oh! homem de Shuruppak, filho de Ubartutu, demoli a casa e construí um barco! Abandona a fartura e procura seres vivos! Despreza possessões e mantém vivos esses seres! Faz todos os seres vivos entrarem no barco. O barco que constróis, suas dimensões devem ser iguais umas às outras: seu comprimento deve corresponder à sua largura.” (5) Utnapishtim obedeceu: “Um acre (inteiro) era o espaço do seu chão. Dez dúzias de côvados a altura de cada uma de suas paredes, Dez dúzias de côvados cada canto do convés quadrado. Eu sulquei a forma de seus lados e os juntei. Dei a ela seis conveses, Dividindo-a (assim) em sete partes.”… (6) Utnapishtim selou a arca com piche, (7) tomou todos os tipos de animais vertebrados, e os membros de sua família, mais alguns outros humanos. Shamash, o deus do sol, fez chover pães e trigo. Então veio o dilúvio, tão violento que: “Os deuses ficaram apavorados pelo dilúvio, e se retiraram, ascendendo ao céu de Anu. Esconderam-se como cães, agachando-se na parede exterior. Ishtar gritou, como uma mulher na hora do parto, a doce voz da Soberana dos Deuses lamentou: ‘Ai dos dias antigos tornados em barro, porque eu disse coisas más na Assembleia dos Deuses! Como pude eu dizer coisas más na Assembleia dos Deuses, ordenando uma catástrofe para destruir meu povo! Mal dera eu à luz meu querido povo e eles encheram o mar, como muitos peixes! ’ Os deuses – aqueles de Anunnaki? – choravam com ela, humildemente assentaram-se chorando, soluçando de tristeza (?), seus lábios queimando, ressecados de sede.” (5.).

                       Porém, existem diferenças cruciais entre os dois relatos, que no final das contas, torna a narrativa bíblica mais coerente. Pontos com a duração do dilúvio: O dilúvio mesopotâmico durou bem menos que os 40 dias da Bíblia: “Seis dias e sete noites, vieram o vento e o dilúvio, a tempestade sobre a terra. Quando o sétimo dia chegou, a tempestade foi parando.” O barco de Noé tinha três andares, foi recoberto por piche, tinha forma oblonga, enquanto que o barco de Utnapishtim tinha sete andares, também era recorta por piche e tinha a forma de um cubo. É claro que a forma quadrada, com sete andares, dos sumérios, não poderia ser mais navegável que a forma oval construída por Noé e que, considerando uma chuva de intensidade semelhante nos dois casos, é bem mais lógico que, para que ocorresse uma inundação para encobrir praticamente toda a terra, seis dias seriam muito pouco e que quarenta dias de chuva seria mais plausível.

                    Todos os outros detalhes se repetem com pequenas variações entre as narrativas: o ponto de atracagem do barco mesopotâmico foi o monte Nisir. Noé ancora sua arca no monte Ararate (um dista do outro aproximadamente 500 Km). Utnapishtim também solta aves (uma pomba e depois uma andorinha (que retornam ao barco) e por fim, um corvo (este não retorna). Depois que as águas baixaram, ele sacrifica uma ovelha, assim como fez Noé, que também sacrificou aves.

                   No entanto, nos textos do épico de Gilgamesh é exporto um motivo para o deus adorar a carne sobre o altar: fome.  “Os deuses cheiraram o aroma, os deuses cheiraram o doce aroma, e reuniram-se como moscas sobre o sacrifício (de ovelha)”.

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