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Passagens que supostamente contrariariam            algumas teorias expostas aqui

 

 

                              Muitas também são as passagens que talvez não corroborem com tudo o que foi dito até aqui. Vejamos agora algumas.

                            Em Mateus 22, é colocada uma situação em que Jesus é abordado por saduceus, sobre uma circunstância de ressurreição e diante dessa pergunta, ele revela que eles não sabiam o que diziam as escrituras e também afirma que Deus declarou que era o “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”. Então, seria Javé realmente o seu pai? Observemos: Mateus 22:23-32  “23  No mesmo dia chegaram junto dele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram,24  Dizendo: Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão. 25  Ora, houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão. 26 Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao sétimo; 27  Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. 28  Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram?29  Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as                               Escrituras, nem o poder de Deus. 30  Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. 31  E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: 32  Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos”.

 Porém, ao verificar o que nos dizem outros evangelhos sobre o mesmo episódio, percebemos que em Lucas é posto da seguinte forma: Lucas 20:37-38 “...37  E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. 38  Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos.”,em Lucas, é Moisés quem diz que o senhor é o                                   Deus dos seus antepassados, Mateus afirma que o próprio Javé é que se diz ser o deus dos seus antepassados e em Marcos, também é tratado de forma semelhante. Marcos 12:26-27 “26  E, acerca dos mortos que houverem de ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? 27  Ora, Deus não é de mortos, mas sim, é Deus de vivos. Por isso vós errais muito”. Isso ocorreu por eles serem hebreus e acreditarem que Javé é Deus e por Jesus não ter desfeito essa confusão de forma clara e definitiva, talvez para não provocar uma grande revolta contra si.

                            Para entendermos essa passagem, é preciso saber no que acreditavam os saduceus. Já foi posto que eles não acreditavam na ressurreição, eles também não acreditavam em demônios nem em reencarnação, sua grande fé era nos escritos de Moisés, o Pentateuco, os 5 livros da Torá. Foi por isso que Jesus se utilizou de Moisés para explicar a eles o sentido e a verdade sobre a ressurreição. Mas afinal, Moisés acreditava em ressurreição? Apesar de ter sua formação nos conceitos egípcios e dentre eles estavam a ressurreição e a vida eterna, Moisés não dá indícios de pregar esses conceitos em seus textos. Em nenhum momento é exposto que ele acreditava na ressurreição. Então, Jesus ao dizer: “...também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. 38  Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos.”, estava se utilizando de Moisés para explicar exatamente o contrário do que ele (Moisés) acreditava: “...Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.”. As escrituras seriam os outros livros da tradição judaica e do antigo testamento, mas não os de Moisés, o Pentateuco. Então, Deus não seria dos mortos (Abraão, Isaque e Jacó, que se encontravam mortos no momento histórico da passagem), mas sim dos vivos (todos). Em Números 23:10, é dito: “Quem contará o pó de Jacob e o número da quarta parte de Israel? a minha alma morra da morte dos justos, e seja o meu fim como o seu.”. Moisés, como escritor, não expôs conceitos sobre a vida eterna da alma ou a ressurreição dos mortos para seus seguidores, mesmo sabendo da sua iminente morte.

                           Apesar de não encontrarmos nada relacionado à ressurreição no Pentateuco, existe muito em outros livros do antigo testamento, como em Oséias 6:2 “Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele” e em Isaías 26:19 “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair”. E em 1Coríntios 15:17-20, Paulo nos confirma: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem”.

                          Em Atos dos apóstolos 3, após curar um coxo de nascença, Pedro e João se deparam com a admiração do povo que estava no templo, Atos 3:12-22: “12  E quando Pedro viu isto, disse ao povo: Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? 13  O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto. 14  Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida. 15  E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas...20  E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado...22  Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser".  Atos 7:37, “37  Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis”.

Paulo tira essa ideia de Deuteronômio 18:18 “18  Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar".

                          Em Atos, Paulo revela que acredita que Javé é realmente o Deus pai de Jesus e afirma que Moisés profetizou a vinda de Jesus. Também assim pensava Felipe, João 1:45 “Filipe achou Natanael, e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José”.

                         Porém o que é dito por Moisés revela outra pessoa como um futuro profeta, e não Jesus. Moisés diz que no futuro virá um profeta a quem eles ouvirão, do meio do seu povo, enviado por Deus e que esse profeta será semelhante a ele. Mas em que ponto Jesus seria semelhante a Moisés? A única semelhança estaria no fato da origem em comum, a judaica. E de forma nenhuma Jesus foi ouvido pelo povo de Israel. Só poucos lhe seguiram, e na verdade esse povo não acreditou que ele era o messias, filho de Deus, por que Jesus não tinha as características do messias esperado por eles. Até os dias de hoje, os judeus não aceitam que Jesus seja o seu messias.

                          Então quem seria esse profeta? Em várias situações é possível encontrar semelhanças entre Moisés e o profeta Elias:

  • Ambos são da tribo de Levi.

  • Ambos têm a missão de redimir o povo de Israel; Moisés no passado e Elias no futuro.

  • Ambos construíram altares para seu povo, ambos realizaram holocaustos em honra ao seu deus. Jesus nunca realizou holocaustos.

  • Ambos fugiram da ameaça de um poderoso estrangeiro: Moisés do rei do Egito, Elias de Jezabel, como é mostrado em Êxodo 2:15 e 1 Reis 19:2-3, respectivamente.

  • Ambos estiveram no monte de Deus. Moisés, por quarenta dias e quarenta noites, sem se alimentar, para receber as leis; Elias caminhou para essas montanhas por 40 dias e quarenta noites (depois de se alimentar), como podemos ler em Êxodo 34:28 e 1 Reis 19:8, respectivamente.

                          Quando João Batista apareceu, perguntaram-lhe se ele era o Cristo, Elias ou o profeta e ele disse que não era nenhum deles. Na época de Jesus os judeus esperavam a volta de Elias, a vinda do profeta “semelhante a Moisés” e a vinda do Messias (o Cristo, que não é Jesus e ainda está por vir). “E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? (dirigindo-se a João Batista)” João 1:25 e em Marcos 6:15 “Outros diziam: É Elias; ainda outros: É o profeta como um dos profetas.”. Em Lucas 9:18-20 Jesus questiona os apóstolos : “18  E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz à multidão que eu sou? 19  E, respondendo eles, disseram: João o Batista; outros, Elias, e outros que um dos antigos profetas ressuscitou. 20  E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus".

                         No mesmo capítulo em que é dito que o profeta surgirá “do meio de seus irmãos” também chama os Levitas de “seus irmãos”, “e ministrar em o nome do SENHOR, seu Deus, como também todos os seus irmãos, os levitas, que assistem ali perante o SENHOR,” Deuteronômio 18:7. Elias era Levita, assim como Moisés.

                         Portanto, Moisés não se referia a Jesus em sua profecia, mas provavelmente a Elias ou a algum futuro profeta. Isso revelaria um equívoco de Paulo em relação aos textos de Moisés?

                         Esse profeta poderia ser Maomé, como acreditam os mulçumanos? Quais seriam as semelhanças de Maomé com Moisés?                    

                         Poderíamos colocá-las fazendo as diferenciações de Maomé com Jesus, as quais se enquadrariam nas semelhanças com Moisés: Jesus ascendeu aos céus, e Maomé morreu e foi enterrado, da mesma forma que provavelmente foi enterrado Moisés. O Profeta Maomé, teve várias mulheres, Jesus não se casou nem teve filhos, mas Moisés também foi casado e teve filhos com duas mulheres. Maomé se envolveu em guerras, Moisés também, inclusive matando pessoas com suas próprias mãos. Jesus não fez mal a uma mosca. Jesus nasceu de um milagre, mas Maomé e Moisés tiveram um nascimento natural.

                        É claro que diante da complexidade das maravilhas escondidas dentro desse livro esplêndido em sabedoria que é a Bíblia, encontraremos muitas passagens que de certa forma colocam em dúvida muitas posições expostas neste trabalho, mas como afirmei anteriormente, não quero ser dono da verdade, mas sim, levantar questionamentos que nos levem ao debate sadio em busca da verdade. Duvidem de tudo que coloquei aqui e busquem vocês mesmos as respostas.

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