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Giordano Bruno  -  O bruxo que foi transformado em

cientista visionário e mito pelos ateísta.

Com certeza Giordano Bruno é, depois de Galileu Galilei, o personagem mais citado quando os anti católicos desejam destilar sua insana perseguição à Igreja de Cristo. Seu nome sempre é relacionado a uma suposta perseguição à ciência por parte da religião cristã. Dizem os desinformados e mal intencionados iluministas ateus que o tal Giordano Bruno era um grande “livre pensador” que estava bem à frente do seu tempo e que por conta de seus pensamentos avançados para a época (defesa do sistema Copérnico e a teoria da pluralidade dos mundos habitados, entre outras coisas) foi perseguido e morto, queimado na fogueira, como herege, pela inquisição católica.

Porém, o que muitos não sabem é que está história está totalmente furada. Muitos são os pontos de inverdades no que se fala sobre Giordano Bruno.

Quem foi Giordano Bruno?

Giordano Bruno de Nola, ou simplesmente o Nolano, foi um teólogofilósofo, escritor e frade dominicano italiano nascido em Nápoles em 1548 e falecido em Roma (Campo de Fiori), em 1600. Era Filho do militar Giovanni Bruno e Fraulissa Savolino e tinha como nome de batismo Filippo Bruno, mas ao ingressar na Ordem Dominicana aos 15 anos adotou o nome de Giordano Bruno.

 

Foi, segundo alguns, levado a fogueira por pensar diferente de seus pares, por ser um cientista à frente do seu tempo e por confrontar a Igreja Católica em seus supostos erros.

No entanto, Giordano Bruno defendia ideais heréticas e conceitos “científicos” não totalmente aprovados pela comunidade cientifica, pois se baseavam não em estudos e práticas empíricas, já que Bruno nunca foi um cientista de fato, mas tão somente em conceitos  esotéricos da “geometria sagrada” cabalista, era tido como um lunático.

Bruno não tinha nada a ver com o pensamento racional, ele não era um defensor do mundo científico nem do filosófico. Como explica a historiadora das religiões,  Mircea Eliade :

 

"se Giordano Bruno acolheu as descobertas de Copérnico com tanto entusiasmo, foi também porque acreditava que o heliocentrismo tinha um profundo significado religioso e mágico ; quando ele estava na Inglaterra, Bruno profetizou o iminente retorno da religião mágica dos antigos egípcios, como descrito em Asclépio. Bruno interpretou o esquema copernicano como o hieróglifo dos mistérios divinos.” (M. Eliade , "História das crenças e ideias religiosas ", Bur, vol.III, pp. 279).

O físico e astrônomo Othon Cabo Winter, do Departamento de Matemática da Faculdade de Engenharia (FEG), do campus de Guaratinguetá da Unesp, pensa de maneira semelhante.

"Ele era muito bem informado, tinha conhecimento dos avanços astronômicos mais atuais da época, mas não fazia ciência. Bruno juntava os conhecimentos com suas crenças e fazia especulações e afirmações sem um embasamento científico de fato."

Muitos, porem, tratam o envolvimento com o ocultismo que pessoas como Giordano Bruno mantinham, como um fator positivo em favor da ciência. Assim defende o antropólogo e medievalista português naturalizado brasileiro, João Eduardo Pinto Basto Lupi, pesquisador do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que disse:

"Hoje achamos que cientista é alguém agarrado a instrumentos de observação e análise, com tabelas de matemática do lado. Mas no tempo de Bruno não era assim. Muitos inclusive, como Newton, por exemplo, não deixavam de ser astrólogos, nem de considerar ideias de ciências ocultas."

 

O jornalista italiano, Corrado Augias, dedicou recentemente uma apresentação (chamado "As chamas da razão"), sobre Giordano Bruno, o mito do mundo maçônico, tentando fazer este mágico obscuro, esotérico e perturbador do século XVI, o “símbolo do pensamento racional suprimido pela Igreja”. A palestra é baseada no livro de mesmo nome no qual Corrado Augias. Ele então diz:

 

"(O caso Giordano Bruno)...oferece uma das páginas mais trágicas do pensamento científico e cultural do nosso país, o assassinato por condenação a queima na fogueira de Giordano Bruno, um dos maiores gênios da história da cultura Ocidental.”

 

 

Segundo o professor Rodolfo Langhi, do Departamento de Física do campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Bruno conhecia e apoiava a teoria de Copérnico, o heliocentrismo, que dizia ser o Sol o centro do universo. Mas foi além. "Ele pregava que o Universo era infinito, sem centro, e repleto de mundos habitados, como o nosso", explica Langhi, que desenvolve pesquisas, projetos e publicações na área de Educação em Astronomia.

No entanto, até mesmo as suas “grandes teorias”, a ideia de que há um número incontável de outros mundos, cada um deles habitado e que o universo é infinito, na verdade nunca foram suas de origem. Elas já tinham sido propostas pelo padre Nicolau de Cusa, 109 anos antes de Giordano ter nascido!

 

“Embora o universo possa não ser infinito, no entanto, ele não pode ser concebido como finito, pois não existem limites dentro dos quais ele poderia ser confinado.” (...)  Em vez de pensarmos que tantas estrelas e partes dos céus se encontram inabitadas, e que só esta nossa Terra está povoada de pessoas – e mesmo assim, com seres dum tipo inferior – iremos supor que todas as regiões se encontram habitadas, distinguindo-se na natureza pela sua categoria, e todas elas devendo a sua origem a Deus... A forma da terra é nobre e esférica, e o seu movimento é circular, embora não seja perfeito.” - Nicolau de Cusa, em “De docta ignorantia” (1440)


Aliás, décadas antes de Cusa, a hipótese de que a Terra girava já havia sido analisada pelo estudioso medieval Nicholas Oresme, bispo de Lisieux. E a Igreja jamais o censurou por isso.

 

O conhecido jornalista italiano Francesco Agnoli nos faz uma análise aprofundada sobre seu colega Corrado Augias. O jornalista diz que "há muito tempo escritas de filologia evangélica, religião-ciência, propondo tese estranha, ideológica, não fundamentada pelos fatos. Tem como inimigo, o mesmo, todas as vezes: a Igreja e Cristo." O mesmo Agnoli falou mais a fundo no texto da internet: 

 

"Giordano Bruno: um grande mago passado como cientista" 

 

Sobre o mesmo tema, escreveu Matteo D'amico em seu ensaio "Giordano Bruno. Aventuras e mistérios do grande mago na Europa do século XVI" (2000).

 

Além disso, Bruno não era dado muito a respeitar os preceitos religiosos das organizações que resolvia ingressar. Primeiramente, Giordano se viu obrigado a fugir para Roma para escapar de acusações de heresia por parte da Igreja Católica (posto que era um frei dominicano). Em Roma é acusado de ter cometido um homicídio e se oculta (se esconde, melhor dizendo) no Convento de Minerva, sofrendo nesse período pela segunda vez um processo de excomunhão devido ter mantido seu comportamento agitador, foi rechaçado por superiores da ordem e resolveu abandonar o hábito dominicano. No mesmo ano teve que fugir para Genebra onde se converteu ao Calvinismo. No entanto, foi preso e excluído dessa organização religiosa por ter escrito um artigo criticando um conceituado professor calvinista. Os calvinistas o excomungaram.  Giordano se torna um errante, fugitivo por vários lugares como França, Suíça e Inglaterra. Mas isso não o impediu de publicar seus polêmicos escritos onde insultava altos funcionários do governo e reiterando suas ideias a respeito do Universo. Como previsto Giodano tem que novamente fugir. Dessa feita via para Paris e depois para a Alemanha, onde se converteu ao luteranismo. Mas de novo, por pouco tempo. Foi de novo expulso, desta vez pela Igreja Luterana de Helmstedt.

Segundo o astrofísico Daniel Brito de Freitas, da Universidade Federal do Ceará (UFC), o principal motivo do incômodo que Bruno causava à Igreja é que ele defendia que o Deus definido pelo Cristianismo era limitado e, acima de tudo, não incorporava a ideia da infinitude dos mundos.

"Ele sugeriu abandonar as Sagradas Escrituras e reescrever Deus levando em conta a existência de outros mundos e outras formas de vida pensante. Para a Igreja, esse era um ato de blasfêmia do mais alto grau na escala de heresia. Esse foi o motivo pelo qual a Igreja Católica perseguiu e condenou Giordano Bruno à fogueira da Santa Inquisição."

É lógico que não foi a Igreja Católica que levou Bruninho à fogueira, mas sim o poder civil temporal. Mas trataremos desse ponto mais à frente.

 

O objetivo de Bruno seria subverter o Papa a magia e re-estabelecer o cristianismo a um novo profeta (ele), sobre o que falou Luigi Firpo:

 

“... que sua fé cega nas artes ocultas, das quais ele não tinha domínio, sua condição de estranha, desconhecida se não suspeita, claramente inadequada para iniciar um fluxo tão grande de eventos. Mas acima de tudo, a fraqueza interna da forma, tanto fervorosa como indeterminada, oscilando entre o extremismo da "seita Giordanista", nova religião naturalista que teria tido nele o profeta-legislador, e um design muito mais moderado em uma reforma interna do Cristianismo."  

 

O historiador Luigi Firpo, afirmou que o conceito de “cientista a frente do seu tempo perseguido pela Igreja católica” é historicamente infundado e que a sua história não passa de um evento que faz parte da retórica anticlerical.

 

Em seu famoso livro, "O julgamento de Giordano Bruno" (1949) o historiador Luigi Firpo foi o primeiro a desmantelar a lenda de um Giordano Bruno, filósofo e racional, explicando que ele realmente era fascinado pela arte da “escuridão” que cativa as almas e torna-as instrumentos do governante, a confiança nos segredos de uma arte mágica capaz de operar nas consciências para curvá-las à sua vontade. Também sentiu que a grande fé poderia arrastar a inércia da matéria e do sentido, e fazer milagre. Ao estudar e professando fervorosamente naqueles anos a arte da adivinhação e da magia, aproximando-se com curiosidade invencível a imediatamente desprezada astrologia, acreditava adquirir as ferramentas de domínio.

 

O mito de Giordano Bruno , na verdade, foi inventado no século dezenove e difundido pela Maçonaria, pela única intenção anticlerical e certamente não pela compaixão para com Bruno. Caso contrário, eles teriam que honrar o cientista (ele realmente) católico também Antoine-Laurent de Lavoisier, massacrado e guilhotinado pelos racionalistas franceses, em 1794, porque não queria ceder à ideologia da Revolução Francesa (maçônica).

 

Em conclusão o historiador Luigi Firpo critica a lenda negra criada em torno Giordano Bruno:

 

"os contos de fadas, de heróis, tais objetos só vão se  manter até que os dados analíticos advenham para dissipá-los... Chegou a hora de que a longa polêmica em seu nome seja subjugada e que ele não seja mais um ídolo de veneração insípida ou vítima de difamação envenenada".

 

Cientista ou místico?

Bruno foi um dos muitos estudiosos do século XVI que acreditava em horóscopos e o determinismo das estrelas, e ele não viu no heliocentrismo uma teoria científica, um fato astronômico, mas a confirmação de sua visão mágica, astrológica, que contemplava uma eliolatria animista de fundo egípcio.

Recentemente, o volume "Giordano Bruno" (2013), escrito por  Bertrand Levergeois,   descreve-o como um "cabalista". 

Bruno é o autor de De vinculis, escrito após uma vida de profunda imersão em tradições mágicas e ocultas, onde propõe-se a ilustrar as técnicas para manipulação individual e das massas (satanista modernos como Aliester Crowley também diziam ter domínio sobre essas práticas).

 

A Enciclopédia Treccani, assim trata Giordano : 

 

“Bruno se interessa por magia desde seus primeiros escritos. Os trabalhos mágicos de Bruno foram publicados pela primeira vez em 1891 e não tiveram muito sucesso crítico; pelo contrário - como as obras mnemotécnicas e lianas - eram consideradas extravagâncias, curiosidades, superstições sem valor  e de real substância filosófica. Giordano Bruno, a quem hoje é mesmo dedicado um círculo da União ateu “Agnostici Rationalisti ",  faz a desculpa da sabedoria antiga dos egípcios: que através de operações mágicas eles tinham sido capazes de entrar em comunicação com os deuses e dialogar com eles, colocando uma relação vital e positiva entre o homem, a natureza e Deus, em outras palavras, restaurando o circuito entre a dimensão divina, a dimensão natural e da dimensão humana que o Cristianismo tinha quebrado , inaugurando uma era de barbarismo, de decadência, de separação, até de oposição, entre homens e deuses.”

 

 

Joan P Couliano em Eros e magia no Renascimento (Il Saggiatore 1989), disse:

 

"Deve-se estar ciente da atividade dos vários trusts, dos vários ministérios de propaganda. Ajudaria se fossem capazes de dar uma olhada nos manuais das escolas de espionagem. O texto de De vinculis é naturalmente um protótipo dos sistemas impessoais de mídia de massa, a manipulação mundial e censura indireta, o protótipo dos vários trusts cerebrais, para exercer o seu controle oculto sobre as massas ocidentais."

 

 

Suas idéias e concepções:

 

Para Giordano Bruno, Deus e o mundo é seria uma única coisa, ou seja, seu pensar era de um panteísta. Não separava o corpo da alma considerando-os uma mesma substância. Tinha a crença num universo infinito e na pluridade de mundos habitadas por outros seres (extraterrestres). Afirmava que o planeta Terra possuía alma, assim como os animais, as plantas e até os minerais e que o Diabo seria salvo.  

 

Não é de estranhar que tais idéias panteístas e materialistas entrassem em confronto com o pensar religioso da época e também com o científico.

 

Pelas heresias o Giordano Bruno foi excomungado, ai então, perde a proteção que a Igreja Católica lhe proporcionava, por ser um membro de sua ordem e passa a ser alvo da justiça do braço secular. A justiça civil do Estado de Roma não poupou o bruxo e o condenou a fogueira

 

 

O julgamento de Giordano Bruno.

 

 

Nos dias atuais, ativistas da web estão engajados na celebração do mágico renascentista Giordano Bruno, que morreu na fogueira em 17 de fevereiro de 1600 na Piazza Campo de 'Fiori. No entanto, o que os move não é um senso de justiça ou até mesmo uma revolta por uma suposta injustiça cometida contra o mago dominicano, não, definitivamente não! Eles exploram sua morte para convencer e convencer a si mesmo de que é o “emblema da tirania da Igreja contra o pensamento livre, contra a ciência e contra a razão”.

 

Após vários interrogatórios foram confirmados acusações de heresia feitas contra ele pelas testemunhas chamadas a depor, mas várias vezes eles tentaram encerrar o processo, convidando o acusado para rejeitar simplesmente tais acusações. Como explicado pelo historiador italiano Luigi Firpo:

 

"sua resposta teria importância decisiva na resolução do litígio, pois, uma vez que ele era teimoso, impenitente, prometeram-lhe que a retratação lhe excluiria a morte certa, propondo a opção entre o fogo e uma detenção de não muitos anos." 

 

No entanto, Bruno, chamado de "dogmático e intransigente, orgulhoso, desdenhoso, polêmico, vulgar, imutável...”, não só não aproveitou as muitas oportunidades oferecidas com retração e rejeição das acusações, como agrava a sua situação voluntariamente, justificando suas agressões para com o Pontífice, ("os juramentos horríveis, os gestos insultantes, perturbando alegações de sentimento cristão de almas piedosas"), e pronunciando insultos a Cristo ( "enganador e mágico, e com razão foi enforcado"). Giordano acreditava que Jesus teria sido morto pela forca e não pela crucificação (?????). 

 

Por causa de suas idéias heréticas no ano de 1.591, começou o processo inquisitório de Giordano e em 1593, ele foi transferido a Roma onde se deu continuidade ao processo. As principais acusações contra ele eram as seguintes:

 

- Defender o uso da magia.

 

- Defender que Jesus Cristo não fez milagre algum e sim magia.

 

- Pregar que todos progrediam, sendo que até os demônios eram salvos.

 

- Acusar a Igreja de promover a ignorância de seus fiéis, para que estes permanecessem como “asnos”.

 

 Segundo o historiador Luigi Luigi Firpo  (“Il processo di Giordano Bruno”, 1949), o Tribunal da Inquisição acusou Bruno de: praticar magia e adivinhação; sustentar ideias heréticas sobre a Santíssima Trindade, sobre a natureza de Cristo, sobre a virgindade de Nossa Senhora e sobre a Transubstanciação; acreditar em metempsicose (possibilidade da alma humana, ao reencarnar, poder migrar para animais, plantas ou minerais); afirmar a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades. Observem que as divergências são quase que puramente religiosas. A exceção é a afirmação da “eternidade” dos mundos; ao defender essa tese - que nada tinha de científica, notem bem – Bruno contrariava a Revelação do Gênesis, segundo a qual o mundo foi criado em determinado momento do tempo (dogma esse, aliás, que está em perfeita sintonia com a Teoria do Big Bang).

 

Bruno foi delatado por seu amigo Giovanni Mocenigo, mas o julgamento terminou em 1593 com um substancial "não há motivo para prosseguir". Outras reclamações se seguiram, bem como uma segunda fase do julgamento, foi realizada na prisão da Inquisição, onde ele não sofreu tortura, mas um tratamento digno (descrito em detalhes). Várias vezes, tentativas foram feitas para fechar o processo convidando o acusado simplesmente a rejeitar as acusações, no entanto Bruno piorou voluntariamente a sua situação ao procurar justificar as agressões para com o Pontífice, "os juramentos horríveis, os gestos insultantes, perturbando alegações de sentimento cristão de almas piedosas” e  insultar a Cristo ( "enganador e mago, e que foi legitimamente enforcado", disse ele ). Houve ainda uma tentativa extrema e fútil de salvar sua vida, mas "Giordano rejeitou todas as recomendações" , confirmando assim "a enorme massa de testemunhos" que o acusavam. Bruno foi entregue ao braço secular e ao governador de Roma, acompanhado de "Visitas diárias de teólogos e consoladores" .

 

O historiador Luigi Firpo conclui, escrevendo que:

 

"o processo foi conduzido de acordo com a mais estrita legalidade, sem amargura preconcebida, nada com dicas de entendimento tolerante para a personalidade excepcional do inquisidor. Tornar o caso de Bruno um ponto de partida para investigar o complexo Instituto da Inquisição implicaria uma inversão do problema tão arbitrário para pôr em risco qualquer solução razoável, basta reconhecer a faculdade da Igreja de legislar em seu campo com sanções que respondam às concepções e concepções aos costumes da época, para averiguar a situação verdadeiramente dramática da catolicidade na última década do século XVI.”

 

 

Luigi Firpo também descreve o período passado na prisão da Inquisição durante o julgamento, onde ele foi tratado com todo respeito: «Cama e mesa com lençóis, toalhas de mesa e toalhas de troca duas vezes por semana, foi frequentemente levado perante a congregação para informar sobre suas necessidades materiais, teve barbeiro, banheiro, lavanderia, equipado com vestuário, boa comida mas não vinho." Ao contrário do que alguns dizem, em nenhuma ocasião ele foi torturado.

 

A maior punição que era dada a um herege da fé católica (Giordano Bruno era frei da ordem de S. Domenico, freis Predicadores) era a excomunhão, ou seja a expulsão da Igreja. Com isto o Giordano Bruno não teria mais a proteção da Igreja Católica e cairia sob o julgamento do braço secular do Estado, representado por seu rei ou governador. Bruno foi condenado pelo crime de lesa majestade e incitação a revoluções, além é claro, de pregar heresias, e promover orgias, poligamia, satanismo, esoterismo, rituais macabros e sexuais, etc. Neste contexto histórico existia uma relação muito íntima entre Estado e a Igreja que ungia e confirmava os reis, e quando um elemento era considerado herético a ponto de ser excomungado, se tornava também um inimigo do Estado. O julgamento do estado era livre da interferência da Igreja nestes casos. Observem  aqui a sentença de condenação retirada do livro “Do infinito, do mínimo e da inquisição em Giordano Bruno”, de Marcos Cesar Danhoni Neves:

 

 

É nítido observar que ao cair no braço secular Giordano Bruno recebe da Igreja a recomendação para que este não o punice de foram violente e nem que lhe causasse a morte. É lógico que o governo de Roma não levou em consideração essas recomendações, aplicando severamente ao Bruno as penas cabíveis aos seus crimes. .

A carta de Gaspare Schopp a Rittenshausen  (Leia a carta aqui)

Este é talvez o documento mais importante que testemunha a morte de Giordano Bruno, ocorrida no Campo di Fiori, Roma, em 17 de fevereiro de 1600. Foi escrita por um homem bastante culto para seu tempo. Natural de Neumark, Schopp foi um grande gramático e filólogo, além de editor de clássicos latinos e gregos. Nasceu no dia 27 de maio de 1575 e morreu em Pádua no dia 19 de novembro de 1649. Aos 22 anos, após refutar o protestantismo, foi agraciado pelo próprio papa, Clemente VIII, com grandes honras, entre as quais aquela de “Cavaleiro de São Pedro” e “Conde do Sacro Palácio”. Schopp possuía um temperamento agressivo e se envolvia, freqüentemente, em diversas e sucessivas polêmicas de natureza literária. Lutou para que Tommaso Campanella, que havia escrito a clássica e herética obra “A Cidade do Sol”, fosse liberto dos cárceres da Inquisição.

Em sua carta ao amigo Rittenshausen (eminente estudioso do Direito), ele faz um relato bastante próximo ao estabilishment da Igreja, classificando o ex-frei dominicano de Nola como herege pertinaz, frei dominicano celerado, herege obstinadíssimo etc. A carta busca uma “conversão” do amigo ao catolicismo.

Foi provavelmente graças a essa carta que Johannes Kepler, o grande astrônomo que descobriria a elipticidade das órbitas planetárias, soube da morte de Bruno. Kepler conhecia parte da obra bruniana, quando o filósofo de Nola havia residido em Praga por volta de 1585.

A carta de Schopp, apesar de ter sido escrita no dia da execução do nolano, 17 de fevereiro de 1600, foi publicada somente em 1621 num livro de Pietro Pazman. É mister salientar na leitura da carta que, quando Schopp relata que Bruno já “aos dezoito anos duvidava do dogma da transubstanciação” e da virgindade de Maria, isso se referia ao processo que Bruno havia sofrido em Nápoles durante o ano de 1576. Após esse processo, como se sabe, Bruno refugiou-se em Roma, antes de iniciar sua longa peregrinação por boa parte da Europa.

Apesar de algumas imprecisões como o erro no nome de algumas obras citadas do Giordano Bruno, a carta é um documento testemunhal único e de grande valor histórico para entender a visão da Igreja e o contexto histórico no qual se desenrolou a tragédia bruniana.

 

 

Curiosidades:

 

 

Algum tempo atrás o programa da Globo, Fantástico,  exibiu uma matéria onde um jovem estudante fez algo muito misterioso. O estudante Bruno Bruno Borges sumiu após deixar todo o seu quarto preenchido com escritos misteriosos e uma grande estátua do herege Giordano Bruno. A parte mais bizarra, no entanto, não está relacionada a própria história misteriosa do estudante, mas a maneira como a matéria colocou o personagem histórico Giordano Bruno. Segundo a matéria, o Giordano Bruno foi um monge italiano vítima da inquisição católica que o condenou a fogueira por discordar de suas idéias à frente do tempo que afrontavam os preceitos propagados pela Igreja. Para os produtores da matéria, foi a Igreja Católica que julgou e condenou o Giordano Bruno à fogueira. Esta afirmação é de uma desonestidade intelectual imensa. A Santa Inquisição não determinava penas capitais. Portanto é uma grande mentira atribuir as mortes nas fogueiras e as torturas em calabouços à Igreja de Cristo. A maioria das mortes nas fogueiras eram realizadas pela própria população que diante do medo das supostas bruxas as queimavam (eles achavam que somente o fogo mataria os demônios que as dominavam). A maior punição que era dada a um herege da fé católica (Giordano Bruno era frei da ordem de S. Domenico, freis Predicadores) era a excomunhão, a expulsão da Igreja. Com isto o Giordano Bruno não teria mais a proteção da Igreja Católica e cairia no julgamento do braço secular, pelo Estado, representado por seu rei ou governador. Bruno foi condenado pelo crime de lesa majestade e incitação a revoluções, além é claro de ser herético e promover orgias, satanismo, esoterismo, rituais macabros e sexuais etc. Existia uma relação íntima entre Estado e Governo e quando um elemento era considerado herético a ponto de ser excomungado, se tornava também um inimigo do Estado. O julgamento do estado era livre de interferência da Igreja nestes casos.

 

 

 

Ainda me prendendo ao tema do herege e satanista Giordano Bruno. Lembrei-me aqui da nova versão de Cosmos, série muito prestigiada nos anos 80, onde o cientista Carl Sagan magistralmente popularizou os conceitos científicos. Recentemente esta série foi reeditada, agora, com a morte do Carl Sagan, o apresentador foi o cientista ateu Neil deGrasse Tyson. Em um dos episódios ocorreu uma verdadeira adoração ao personagem Giordano bruno e todas as mentiras iluminista- ateísta- anti religiosas foram postas em um desenho animado alienante. Hoje, percebemos que uma grande parte dos cientistas deixou a busca pela verdade científica dos fatos de lado para se tornar uma ferramenta ideológica.

 

 

Admiro desde sempre o cientista, maior divulgador da ciência para o povão, Carl Sagan, tenho a série original Cosmo na íntegra. Também me surpreendi com a nova versão da série e percebi esse viés ateísta, não, claro nas teoria científicas (mesmo que elas também tenham influencia de filosofias ateístas), mas principalmente na tentativa de passar uma imagem mais digna de personagens ateus ou até mesmo satânicos, que não tiveram essa dignidade, como o Giordano Bruno. No episódio que assisti ele é mitificado como um pensador além do seu tempo, injustiçado e perseguido e que sua condenação seria apenas fruto da perseguição a sua avançada e incompreendida inteligência e também pelas suas heresias, portanto um crime religioso e por isso fora condenado pela igreja, seu grande algoz. Nada mais inverossímil que isso. Giordano Bruno não foi condenado por sua defesa do sistema Copérnico (heliocentrismo – sol no centro do sistema), nem por sua teoria da pluralidade dos mundos habitados (argumentos usados para dizer que a igreja é anti científica), mas por suas idéias teológicas repletas de erros, este afirmava, por exemplo, que Cristo não era Deus, nem filho dele e sim um hábil mágico, que o espírito santo era a alma do mundo e que o Diabo seria salvo, mas principalmente pelo seu envolvimento com o satanismo e cultos exotéricos, por pregar a liberdade do culto satânico no conceito do “Faça o que tu queres” e realizar orgias e rituais sexuais, algo considerado para toda sociedade da época como um perigo enorme. Tudo isso, fez com que o estado de Roma (governo, não igreja, já que a igreja não era uma instituição religiosa como nos dias de hoje), o condena a morrer na fogueira como herege.


Esse filme retrata um pouco esse Giordano Bruno mais, digamos assim, “místico”. É possível perceber esse envolvimento com a magia e com o satanismo, mesmo que aliviado intencionalmente no filme.

 

O escritor de romances baseados em “fatos históricos”, Dan Brown, realizou uma doação de 300 mil euros para a Bibliotheca Philosophica Hermetica, instituição privada localizada na cidade holandesa de Amsterdã especializada em textos esotéricos, alquímicos, astrológicos e sobre magia. Dentre outras benesses a doação de Brown possibilitará a digitalização de milhares de textos históricos destas ares do oculto, como as obras Corpus Hermeticum, de 1472, e Spaccio de la Bestia Trionfante, escrita pelo bruxo Giordano Bruno.  

Muitos atribuem à seguinte frase do Secretário de Estado do Vaticano, Angelo Sodano, em 2000, como sendo um de pedido de desculpas da igreja católica por ter queimado Giordano na fogueira:

 

" ...Triste episódio da história cristã moderna" , Bruno "Parece que adquiriu caminho de seu pensamento, que teve lugar no contexto de uma vida bastante agitada e no fundo de uma cristandade dividida, infelizmente, resultou em escolhas intelectuais progressistas que provaram ser, em alguns pontos decisivos, incompatíveis com os ensinamentos cristãos " . "O fato é que os membros do Tribunal da Inquisição tentaram com o então método comuns de coação, pronunciando um veredicto que, de acordo com a lei da época, era inevitavelmente o precursor de uma morte atroz.” 

 

Porém, o que de fato é exposto nesta frase é um sentimento de lamento diante do fato de ao ser pronunciado o termo de excomunhão, a morte seria certa ao excomungado, já que dificilmente o Estado (seja ele qual fosse) não o puniria apenas com a sua exclusão da participação de uma ordem religiosa, como ocorre na excomunhão, as penas eram severas e normalmente resultavam em tortura, prisão perpétua e na morte do condenado de formas cruéis.

 

Dizia São João Crisóstomo  (séc. IV).:

 “Matar um herege é introduzir na terra um crime inexpiável”

 

E São Bernardo, ao saber que alguns hereges de Colônia haviam sido queimados na fogueira, exclamou que: “A fé é uma obra de persuasão, não se impõe!” E sabiamente afirmou que era absurdo fazer “falsos mártires” daquela maneira (ROPS, Daniel. “A Igreja das Catedrais e das Cruzadas”).

 


Por fim, deixo aqui o link de uma bela entrevista sobre o bruxo esotérico  Giordano, com o Pe. Stanley L. Jaki Por Cosimo Baldaro e Cosimo Galasso - Revista Cristianitá, nº 299 (2000)

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